quarta-feira, 11 de junho de 2008

CONGRESSO AMERICANO MISSIONÁRIO



A IMPORTÂNCIA DOS COMLAs e CAMs

Os sete Congressos Missionários Latino-Americanos (Comlas) e os dois Congressos Missionários Americanos (CAMs) tornaram-se o referencial da animação e formação missionária da América, tendo inclusive influenciado na dimensão missionária da Igreja latino-americana, uma vez que várias de suas propostas foram levadas em conta pelas Conferências Gerais do Episcopado Latino-Americano. Tornaram-se, pois, uma resposta para a consciência missionária “ad gentes”.Neste sentido, os CAMs–Comlas são eventos de transcendência e importância para a caminhada missionária da América, à medida que despertaram e animaram muitas Igrejas particulares a incrementar seu dinamismo missionário e enviar missionários “além-fronteiras”, “dando de sua pobreza” (DP 368).É bem sabido que os processos de preparação, incluindo o Instrumento de Trabalho, os Anos Missionários, a preparação da sede, as animações nas paróquias para conseguir alojamentos para os congressistas, a participação do clero, dos Bispos, religiosas, religiosos e Povo de Deus nas diferentes etapas que compreendem um CAM–Comla fortalecem muito a catolicidade e comprometem ainda mais com a dimensão missionária da Igreja.Cabe dizer que a vitalidade que os CAMs–Comlas adquiriram é vivida e sentida em todos os países, uma vez que na etapa preparatória é programada e realizada uma série de atividades de animação e formação missionária para todo o Povo de Deus, o que demonstra que a dimensão missionária reúne todos os setores da nossa Igreja na América.Devemos ressaltar que o CAM 3–Comla 8 terá estreita relação com a preparação da 5ª Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano, que dará ainda maior transcendência ao CAM 3–Comla 8, devido às implicações dela em cada Igreja particular.
É o caso de ressaltar que todos os países que organizaram os CAMs–Comlas mencionaram que o trabalho realizado em sua preparação é muito exigente, e, ao mesmo tempo, uma grande bênção para o país anfitrião.
OBJETIVO GERAL
Propiciar nas Igrejas particulares da América o acontecimento iminente de Pentecostes, para que, a partir da experiência do discipulado, ponham-se em “estado de Missão” e impulsionem a Nova Evangelização e a Missão “ad gentes”.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• Formar discípulos missionários do Evangelho da vida e esperança, para servir à Nova Evangelização e à Missão “ad gentes”.
• Comprometer as famílias cristãs na missão evangelizadora da Igreja, paraque, redescobrindo sua identidade, ponham-se ao serviço da Nova Evangelização e da Missão “ad gentes”.
• Fomentar a dimensão missionária da paróquia como comunidade de comunidades e dos movimentos leigos, para que todo o Povo de Deus assuma sua responsabilidade com a Nova Evangelização e a Missão “ad gentes”.
• Promover o espírito missionário nos ministérios e carismas da Igreja particular, para que todos os seus agentes pastorais, estruturas e instâncias eclesiais sirvam à Nova Evangelização e à Missão “ad gentes”.
• Animar a Igreja na América para que chegue a ser “casa e escola de comunhão” ao serviço da Nova Evangelização e da Missão “ad gentes”.
EIXOS CENTRAIS DO CAM3-Comla8
Queremos preparar e celebrar o 3º Congresso Missionário Americano (CAM 3) e 8º Congresso Missionário Latino-Americano (Comla 8), que, diante dos desafios, esperanças e mudanças que vivemos na Igreja e no mundo na época atual, seja capaz de integrar três realidades, como eixos centrais, do dinamismo eclesial na história:
• Reavivar o acontecimento fundador e inspirador de Pentecostes nas “Igrejas particulares, para que todo o Povo de Deus seja convidado a lembrar com gratidão o passado, a viver com paixão o presente e a abrir-se com confiança ao futuro”, na responsabilidade histórica da Igreja, anunciando o Evangelho (NMI 1).
• Promover, com renovada imaginação e criatividade, a Nova Evangelização no contexto de um mundo globalizado, que tenha o novo “ardor” dos discípulos do Senhor, gerador de “um entusiasmo irrefreável na tarefa de anunciar o Evangelho”; que se abra às novas “expressões” dos santos, homens e mulheres livres no Espírito; e implante novos métodos para a Evangelização, no estilo dos profetas, abertos aos sinais dos tempos (SD 28-30).
• Propiciar que as Igrejas particulares da América se abram aos “imensos horizontes da Missão ‘ad gentes’”, onde Cristo e o seu Evangelho não são conhecidos, e “onde faltam comunidades cristãs suficientemente maduras para encarnar a fé no próprio ambiente e anunciá-la a outros” (RM 31.33).

ÊNFASES DO CAM 3–Comla 8
As ênfases que desejamos imprimir ao nosso próximo Congresso Missionário Americano com a finalidade de fomentar as exigências que advêm do mandado missionário do Cristo Redentor são:
• Partindo da experiência eclesial de Pentecostes, queremos que todo o Continente Americano se declare em “estado de Missão”, para enfrentar o desafio de que a Missão confiada à Igreja “encontra-se ainda nos começos e que nos devemos comprometer com todas as nossas energias ao seu serviço” (RM 1).
Esta opção permitirá fazer de cada Igreja particular o âmbito e contexto da Nova Evangelização e da Missão “ad gentes”, e, ao mesmo tempo, destinatária e protagonista do anúncio de Cristo.
• Partindo da experiência cristológica de Pentecostes, em direção ao desafio da Nova Evangelização, como a melhor proposta para o homem e a mulher do século 21, que sofre as conseqüências da secularização e do materialismo.
Esta opção implicará favorecer, pessoal e comunitariamente, experiências de Deus, de encontro com Cristo e de abertura ao Espírito, que encham de sentido a vida das pessoas e dos povos e os orientem em função do Reino, mediante o anúncio do Evangelho, a promoção humana e a evangelização da cultura.
• Partindo da experiência antropológica de Pentecostes “para a Missão 'ad gentes’ e para a construção do Reino de Deus”.
Esta opção exigirá abrir-se ao mistério de Deus-Uno e Trino que revela seu plano salvífico na vida das pessoas e na história dos povos, preferencialmente aos mais pobres, dirigindo-se de modo especial aos “grupos e ambientes não-cristãos”. A eles deverá ser explícito o anúncio de Cristo e do seu Evangelho, com eles haver-se-á de edificar a Igreja local e promover os valores do Reino (RM 34).
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sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Sacramento da Penitência

CONFISSÃO
`Dizendo isto soprou sobre eles e disse: Recebei o Espírito Santo; aqueles a quem perdoardes os pecados,os pecados ser`lhes`ão perdoados; aqueles aos quais os retiverdes, ser`lhes`ão retidos` (Jo 20,22-23).
1446 - Cristo instituiu o sacramento da Penitência para todos os membros pecadores de sua Igreja, antes de tudo para aqueles que, depois do Batismo, cometeram pecado grave e com isso perderam a graça batismal e feriram a comunhão eclesial. É a eles que o sacramento da Penitência oferece uma nova possibilidade de converter`se e de recobrar a graça da justificação. Os Padres da Igreja apresentam este sacramento como `a Segunda tábua (de salvação) depois do naufrágio que é a perda da graça` (Conc. Trento, DS 1542).
1486 - O perdão dos pecados cometidos após o Batismo é concedido por um Sacramento próprio chamado sacramento da Conversão, da Confissão, da Penitência ou da Reconciliação.
1487 - Quem peca fere a honra de Deus e seu amor, sua própria dignidade de homem chamado a ser Filho de Deus e a saúde espiritual da Igreja, da qual cada cristão é uma pedra viva.
1488 - Aos olhos da fé nenhum mal é mais grave do que o pecado, e nada tem conseqüências piores para os próprios pecadores, para a Igreja e para o mundo inteiro.
1489 - Voltar à comunhão com Deus depois de a ter perdido pelo pecado, é um movimento que nasce da graça do Deus misericordioso e solícito pela salvação dos homens. É preciso pedir este dom precioso para si mesmo e também para os outros.
1490 - O movimento de volta a Deus, chamado conversão e arrependimento, implica uma dor e uma aversão aos pecados cometidos e o firme propósito de não mais pecar no futuro; nutre`se da esperança na misericórdia divina.
1491 - O sacramento da penitência é constituído de três atos do penitente e da absolvição dada pelo sacerdote. Os atos do penitente são o arrependimento, a confissão ou manifestação dos pecados ao sacerdote e o propósito de cumprir a penitência e as obras de reparação.Consciência - exame de consciência.
1454 - Convém preparar a recepção deste sacramento (Confissão) fazendo um exame de consciência à luz da Palavra de Deus. Os textos mais adaptados a esse fim devem ser procurados na catequese moral dos evangelhos e das cartas apostólicas: Sermão da Montanha, ensinamentos apostólicos (Rom 12-15; 1 Cor 12-13; Gl 5; Ef 4-6).
1492 - O arrependimento (também chamado contrição) devem inspirar-se em motivos que decorrem da fé. Se o arrependimento estiver embasado no amor de caridade para com Deus, é chamado `perfeito`; se estiver fundado em outros motivos, será `imperfeito`.
1493 - Aquele que quiser obter a reconciliação com Deus e com a Igreja deve confessar ao sacerdote todos os pecados graves que ainda não confessou e que se lembra depois de examinar cuidadosamente sua consciência. Mesmo sem ser necessário em si as confissões das faltas veniais, a Igreja não deixa de recomendá`la vivamente.
1494 - O confessor propõe ao penitente o cumprimento de certos atos de `satisfação` ou de `penitência`, para reparar o prejuízo causado pelo pecado e restabelecer os hábitos próprios ao discípulo de Cristo.
1495 - Somente os sacerdotes que receberam da autoridade da Igreja a faculdade de absolver podem perdoar os pecados em nome de Cristo.
1496 - Os efeitos espirituais do sacramento da Penitência são:A reconciliação com Deus, pela qual o penitente recobra a graça;A reconciliação com a Igreja;A remissão da pena eterna devida aos pecados mortais;A remissão, pelo menos em parte, das penas temporais, seqüelas do pecado;A paz e a serenidade da consciência e a consolação espiritual;O acréscimo de forças espirituais para o combate cristão.
1497 - A confissão individual e integral dos pecados graves, seguida da absolvição, continua sendo o único meio ordinário de reconciliação com Deus e com a Igreja.
1455 - A confissão dos pecados (acusação), mesmo do ponto de vista simplesmente humano, nos liberta e facilita nossa reconciliação com os outros. Pela acusação, o homem encara de frente os pecados dos quais se tornou culpado: assume a responsabilidade deles, assim, abre`se de novo a Deus e à comunhão da Igreja, a fim de tornar possível um futuro novo.
1456 - A declaração dos pecados ao sacerdote constituiu uma parte essencial do sacramento da penitência: `Os penitentes devem, na confissão, enumerar todos os pecados mortais de que têm consciência depois de examinar`se seriamente, mesmo que esses pecados sejam muitos secretos e tenham sido cometidos somente contra os dois últimos preceitos do decálogo (Ex 20,17; Mt 5,28), pois às vezes esses pecados ferem gravemente a alma e são mais prejudiciais do que os outros que foram cometidos à vista e conhecimento de todos` (Conc. Trento, DS 1680):Quando os cristãos se esforçam para confessar todos os pecados que lhes vêm à memória, não se pode duvidar que tenham o intuito de apresentá`los todos ao perdão da misericórdia divina. Os que agem de outra forma tentando ocultar conscientemente alguns pecados não colocam diante da bondade divina nada que ela possa remir por intermédio do sacerdote. Pois, `se o doente insistir em esconder do médico sua ferida, como poderá a medicina curá-lo? (S. Jerônimo, Comen tarius in Ecl 0,11; Conc. Trento, DS 1680).
1457 - Conforme o mandamento da Igreja, `Todo fiel, depois de ter chegado à idade da discrição, é obrigado a confessar fielmente seus pecados graves, pelo menos uma vez por ano` (CDC, cân. 989). Aquele que tem consciência de ter cometido um pecado mortal não deve receber a Sagrada Comunhão, mesmo que esteja profundamente contrito, sem receber previamente a absolvição sacramental (Conc. Trento, DS 1647,1661), a menos que tenha um motivo grave para comungar e lhe seja impossível chegar a um confessor (CDC, cân. 916; CCEO, cân.711). As crianças devem confessar`se antes de receber a Primeira Eucaristia (CDC, cân. 914).1458 - Apesar de não ser estritamente necessária, a confissão das faltas cotidianas (pecados veniais) é vivamente recomendada pela Igreja (Conc. Trento, DS 1680; CDC, cân. 988,2). Com efeito, a confissão regular dos nossos pecados nos ajuda a formar a consciência, a lutar contra nossas más tendências, a ver`nos curados por Cristo, a progredir na vida do Espírito. Recebendo mais freqüentemente, através deste sacramento, o dom da misericórdia do Pai, somos levados a ser misericordiosos como ele (Lc 6, 36):`Quem confessa os próprios pecados está agindo em harmonia com Deus. Deus acusa teus pecados; se tu também os acusas, tu te associas a Deus. O homem e o pecador são, por assim dizer, duas realidades: quando ouves falar do homem, foi Deus quem o fez; quando ouves falar do pecador, é o próprio homem quem o fez. Destrói o que fizeste para que Deus salve o que Ele fez... Quando começas a detestar o que fizeste, é então que tuas boas obras começam, porque acusas tuas más obras. A confissão das más obras é o começo das boas obras. Contribuis para a verdade e consegues chegar à luz` (S.Agostinho, In Jo 12,13).
Confissão - os seus efeitos
1468 - `Toda a força da Penitência reside no fato de ela nos reconstituir na graça de Deus e de nos unir a Ele com a máxima amizade` (Cat. R. 2,5,18). Portanto, a finalidade e o efeito deste sacramento é a reconciliação com Deus. Os que recebem o sacramento da Penitência com coração contrito e disposição religiosa, `podem usufruir da paz e tranqüilidade da consciência, que vem acompanhada de uma intensa consolação espiritual`(Conc. Trento, DS, 1674). Com efeito, o sacramento da Reconciliação com Deus traz consigo uma verdadeira `ressurreição espiritual`, uma restituição da dignidade e dos bens da vida dos filhos de Deus, entre os quais o mais precioso é a amizade de Deus (Lc 15,32). Confissão - reconciliação com a Igreja
1469 - Este sacramento nos reconcilia com a Igreja. O pecado rompe ou quebra a comunhão fraterna. O sacramento da Penitência a repara ou restaura. Neste sentido, ele não cura apenas aquele que é restabelecido na comunhão eclesial, mas também um efeito vivificante sobre a vida da Igreja, que sofreu com o pecado de um de seus membros (1Cor 12,26). Restabelecido ou confirmado na comunhão dos santos, o pecador sai fortalecido pela participação dos bens espirituais de todos os membros vivos do Corpo de Cristo, quer estejam ainda em estado de peregrinação ou já estejam na pátria celeste (LG 48-50):Não devemos esquecer que a reconciliação com Deus tem como conseqüência, por assim dizer, outras reconciliações capazes de remediar outras rupturas ocasionadas pelo pecado: o penitente perdoado reconcilia-se consigo mesmo no íntimo mais profundo de seu ser, onde recupera a própria verdade interior; reconcilia`se com os irmãos que de alguma maneira ofendeu e feriu; reconcilia`se com a Igreja; e reconcilia`se com toda a criação (RP 31).
Confissão - juízo particular antecipado
1470 - Neste sacramento, o pecador, entregando`se ao julgamento misericordioso de Deus, antecipa de certa maneira o julgamento a que será sujeito no fim desta vida terrestre. Pois é agora, nesta vida, que nos é oferecida a escolha entre a vida e a morte, e só pelo caminho da conversão poderemos entrar no Reino do qual somos excluídos pelo pecado grave (1 Cor 5,11; Gl 5, 19-21; Ap 22,15). Convertendo`se a Cristo pela penitência e pela fé, o pecador passa da morte para a vida `sem ser julgado` (Jo 5,24).
Confissão - o sigilo do sacramento
2490 - O sigilo do sacramento da Reconciliação é sagrado e não pode ser traído sob nenhum pretexto. `O sigilo sacramental é inviolável; por isso, não é lícito ao confessor revelar o penitente, com palavras, ou de qualquer outro modo, por nenhuma causa` (CDC, cân. 983,1).Confissão Comunitária - quando pode ser feita.
1483 - Em casos de necessidade grave, pode`se recorrer à celebração comunitária da reconciliação com confissão e absolvição gerais. Esta necessidade grave pode apresentar`se quando há um perigo iminente de morte sem que o ou os sacerdotes tenham tempo suficiente para ouvir a confissão de cada penitente. A necessidade grave pode também apresentar`se quando, tendo`se em vista o número dos penitentes, não havendo confessores suficientes para ouvir devidamente as confissões individuais num tempo razoável, de modo que os penitentes, sem culpa de sua parte, se veriam privados durante muito tempo da graça sacramental ou da sagrada Eucaristia. Nesse caso os fiéis devem ter, para a validade da absolvição, o propósito de confessar individualmente seus pecados no devido tempo (CDC, cân. 962,1). Cabe ao Bispo diocesano julgar`se os requisitos para a absolvição geral existem (CDC, cân. 961). Um grande concurso de fiéis por ocasião das grandes festas ou de peregrinação não constitui caso de tal necessidade grave (CDC, cân. 961,1).
Confissão - mudança com o tempo.
1447 - No curso dos séculos, a forma concreta segundo a qual a Igreja exerceu este poder recebido do Senhor variou muito. Nos primeiros séculos, a reconciliação dos cristãos que haviam cometidos pecados particularmente graves depois do Batismo (por exemplo, a idolatria, o homicídio ou o adultério) estava ligada a uma disciplina bastante rigorosa, segundo a qual os penitentes deviam fazer penitência pública por seus pecados, muitas vezes durante longos anos, antes de receber a reconciliação. A esta `ordem dos penitentes` (que incluía apenas certos pecados graves) só se era admitido raramente e, em certas regiões, só uma vez na vida.No século VII, inspirados na tradição monástica do Oriente, os missionários irlandeses trouxeram para a Europa continental a prática `privada` da penitência que não mais exigida a prática pública e prolongada de obras de penitência antes de receber a reconciliação com a Igreja. O sacramento se realiza daí em diante de uma forma mais secreta entre o penitente e o presbítero. Esta nova prática previa a possibilidade da repetição, abrindo assim o caminho para uma freqüência regular a este sacramento.
1448 - Através das mudanças por que passaram a disciplina e a celebração deste sacramento ao longo dos séculos, podemos discernir sua própria estrutura fundamental que consta de dois elementos igualmente essenciais: de um lado, os atos do homem que se converte sob a ação do Espírito Santo, a saber, a contrição, a confissão e a satisfação; de outro lado, a ação de Deus por intermédio da Igreja. A Igreja que, pelo Bispo e seus presbíteros, concede em nome de Jesus Cristo, o perdão dos pecados e fixa a modalidade da satisfação, ora pelo pecador e faz penitência com ele. Assim o pecador é curado e reintegrado na comunhão eclesial.
Confissão - a forma da absolvição
1449 - A fórmula da absolvição em uso na Igreja latina exprime os elementos essenciais deste sacramento: o Pai das misericórdias é a fonte de todo perdão. Ele opera a reconciliação dos pecadores pela páscoa de seu Filho e pelo dom de seu Espírito, através da oração e ministério da Igreja:`Deus, Pai de misericórdia, que, pela Morte e Ressurreição de seu Filho, reconciliou o mundo consigo e enviou o Espírito Santo para remissão dos pecados, te conceda, pelo ministério da Igreja, o perdão e a paz. E eu te absolvo dos teus pecados, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo` (Ritual Romano, Rito da Penitência).
1498 - Pelas indulgências, os fiéis podem obter para si mesmos e também para as almas do Purgatório a remissão das penas temporais, conseqüências dos pecados.
Consciência - voz de Deus no coração
1776 - `Na intimidade da consciência, o homem descobre uma lei. Ele não a dá a si mesmo. Mas a ela deve obedecer. Chamando`o sempre a amar e fazer o bem e a evitar o mal, no momento oportuno a voz desta lei soa aos ouvidos do coração... É uma lei inscrita por Deus no coração do homem... A consciência é o núcleo secretíssimo e o sacrário do homem onde ele está sozinho com Deus e onde ressoa sua voz` (GS 16).
1777 - Presente no coração da pessoa, a consciência moral (Rm 2,14-16) lhe impõe, no momento oportuno, fazer o bem e evitar o mal. Julga, portanto, as escolhas concretas, aprovando as boas e denunciando as más (Rm 1,32). Atesta a autoridade da verdade referente ao Bem supremo, de quem a pessoa sente a atração e acolhe os mandamentos. Quando escuta a consciência moral, o homem pode ouvir Deus, que fala.`A consciência é uma lei do nosso espírito, mas que o ultrapassa nosso espírito, que nos faz imposições, que significa responsabilidade e dever, temor e esperança... É a mensageira daquele que, no mundo da natureza bem como no mundo da graça, nos fala através de um véu, nos instrui e nos governa. A consciência é o primeiro de todos os vigários de Cristo`. (Newman, Carta ao Duque de Norfolk,5).
1779 - É importante que cada qual esteja bastante presente a si mesmo para ouvir e seguir a voz de sua consciência. Esta exigência de interioridade é tanto mais necessária quanto a vida nos expõe constantemente a situações que nos alheiam de qualquer reflexão, exame ou concentração sobre nós mesmos: `Volta à tua consciência, interroga`a ...Voltai, irmãos, ao interior, e em tudo o que fizerdes atentai para a testemunha, Deus` (S. Agostinho, In ep. Jo 8,9).
1781 - A consciência permite assumir a responsabilidade dos atos praticados. Se o homem comete o mal, o julgamento justo da consciência pode continuar nele como testemunho da verdade universal do bem e ao mesmo tempo da malícia de sua escolha singular. O veredicto do juízo da consciência continua sendo um penhor de esperança e misericórdia. Atestando a falta cometida, lembra a necessidade de pedir perdão, de praticar novamente o bem e de cultivar sem cessar a virtude com a graça de Deus. Diante dele tranqüilizaremos nosso coração, se o nosso coração nos acusa, porque Deus é maior que nosso coração e conhece todas as coisas (1Jo 3,19-20).
Consciência - precisa ser formada retamente
1783 - A consciência deve ser educada e o juízo moral esclarecido. Uma consciência bem formada é reta e verídica. Formula seus julgamentos seguindo a razão, de acordo com o bem verdadeiro querido pela sabedoria do Criador. A educação da consciência é indispensável aos seres humanos submetidos a influências negativas e tentados pelo pecado a preferirem o próprio juízo e a recusar os ensinamentos autorizados.
1784 - A educação da consciência é uma tarefa de toda a vida. Desde os primeiros anos alerta a criança para o conhecimento e a prática da lei interior reconhecida pela consciência moral. Uma educação prudente ensina a virtude, preserva ou cura do medo, do egoísmo e do orgulho, dos sentimentos de culpabilidade e dos movimentos de complacência, nascidos da fraqueza e das faltas humanas. A educação da consciência garante a liberdade e gera a paz do coração.
1785 - Na forma da consciência, a Palavra de Deus é a luz de nosso caminho; é preciso que a assimilemos na fé e na oração e a coloquemos em prática. É preciso ainda que examinemos nossa consciência confrontando`nos com a Cruz do Senhor. Somos assistidos pelos dons do Espírito Santo, ajudados pelo testemunho e conselhos dos outros e guiados pelo ensinamento autorizado da Igreja (DH, 14).

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Campanha da Fraternidade de 2008


D.Odilo Pedro Scherer
Bispo Auxiliar de São Paulo
Secretário-Geral da CNBB

A Campanha da Fraternidade de 2008 já tem tema: “Fraternidade e defesa da vida”; e o lema é: “escolhe, pois, a vida”. Este tema assume importância sempre maior no Brasil e no mundo em vista das ameaças e agressões constantes à vida, o bem mais importante e precioso sobre a face da terra.

Nas suas múltiplas formas e manifestações, a vida é um bem impagável e indisponível; cada ser vivo manifesta, à sua maneira, a sabedoria e a insondável providência de Deus Criador. Não criamos a vida, mas temos o tremendo poder de destruí-la; e a destruição da vida pelo descuido e a imprudência humanas, ou pela ganância sistemática e cega, é ofensa ao Criador. Muitas formas de agressão ao ambiente, bem como a interferência leviana na natureza dos organismos vivos, coloca em sério risco a existência da muitos seres vivos, vegetais ou animais. Vem ao caso de perguntar: que tipo de mundo e ambiente estamos preparando para as gerações que virão depois de nós?!
Tratando-se da vida humana, as questões tornam-se ainda mais preocupantes. A pobreza extrema e a falta de políticas sociais adequadas deixam a vida humana exposta a situações de risco e precariedade. A violência endêmica e o crime organizado ceifam numerosas vidas humanas, lamentavelmente, muitas delas, em plena flor da juventude! Submetida à lógica do mercado e da vantagem econômica, a vida humana acaba valendo muito pouco. A degradação ambiental, a contaminação e poluição das águas e do ar, em conseqüência de políticas econômicas irresponsáveis, desencadeiam mecanismos que põem em risco a própria sobrevivência da vida no nosso planeta.

É impressionante o número de abortos clandestinos realizados todos os anos no Brasil. São seres humanos inocentes e indefesos rejeitados, aos quais é negada a participação no banquete da vida. E com os abortos clandestinos, tantas mulheres também perdem a vida, em conseqüência de abortos mal-feitos. Legalizar o aborto seria a solução, para salvar a vida de muitas mulheres? É o que alguns pretendem. Mas essa solução seria trágica, cruel e imoral, pois ambas as vidas são preciosas, tanto mais, quanto menos culpa têm a pagar. A vida da mãe e do filho precisa ser preservada. A solução é a educação para a maior valorização da vida humana e para comportamentos sexuais conseqüentes com a grande responsabilidade de transmitir a vida a um novo ser humano.

Ameaça não menos preocupante para a vida humana é a pretensão de legalizar a eutanásia, uma intervenção intencional e direta para suprimir a vida humana. O ser humano, desde o início da história, sempre teve a tentação de se tornar senhor absoluto da vida e da morte; claro, é pretensão dos fortes sobre os mais fracos. E isso não lhe trouxe nada de bom. Só Deus é senhor da vida, porque só ele é capaz de chamar do nada à existência e de dar plenitude à vida humana. Por isso escreveu no coração do homem esta ordem: “não matarás!”

Proteger, defender e promover a vida é tarefa primordial do Estado, sobretudo a vida indefesa e frágil, como a dos seres humanos ainda não-nascidos, das crianças, idosos, pobres, doentes ou pessoas com deficiência. É ação política por excelência, que não poderá orientar-se pela lógica do “salve-se quem puder”, que só beneficiaria os mais fortes; ela requer o envolvimento solidário de todos os cidadãos. A defesa da vida e da dignidade dos outros seres humanos contra toda forma de agressão, prepotência ou aviltamento interessa a toda a família humana; é manifestação suprema de fraternidade.

O lema – “escolhe, pois, a vida” (Dt 30,19b) – é tomado do livro do Deuteronômio. O povo hebreu, beneficiado pela ação libertadora e salvadora do Deus da vida, é colocado por Moisés diante da grave alternativa: escolher a vida e um futuro esperançoso para si e seus descendentes, permanecendo fiel aos mandamentos de Deus, ou escolher a morte, andando por caminhos de idolatria e servindo a “deuses” fabricados para a própria conveniência. Isso vale para a globalidade das decisões humanas: nossas escolhas têm conseqüências sobre a vida e o futuro. A escolha livre e responsável do respeito aos mandamentos de Deus e do seu desígnio de vida significa bênção, esperança, futuro. O desprezo ao desígnio do Deus da vida e seus mandamentos traz a desgraça, a morte.

Esta é a grande questão posta pela Campanha da Fraternidade de 2008, que será ocasião para refletir sobre a complexa problemática que atinge a vida sobre a terra, em especial, a vida humana. Está em jogo o futuro da vida na Terra, nossa casa comum, e de todos os seus habitantes. Uma solução responsável só poderá ser solidária e fraterna, no pleno respeito ao desígnio de Deus Criador e Senhor da vida.
16.09.2006

O QUE SIGNIFICAM AS CINZAS?

O uso litúrgico das cinzas tem sua origem no Antigo Testamento. As cinzas simbolizam dor, morte e penitência. Por exemplo, no livro de Ester, Mardoqueu se veste de saco e se cobre de cinzas quando soube do decreto do Rei Asuer I (Xerxes, 485-464 antes de Cristo) da Pérsia que condenou à morte todos os judeus de seu império. (Est 4,1). Jó (cuja história foi escrita entre os anos VII e V antes de Cristo) mostrou seu arrependimento vestindo-se de saco e cobrindo-se de cinzas (Jó 42,6). Daniel (cerca de 550 antes de Cristo) ao profetizar a captura de Jerusalém pela Babilônia, escreveu: "Volvi-me para o Senhor Deus a fim de dirigir-lhe uma oração de súplica, jejuando e me impondo o cilício e a cinza" (Dn 9,3). No século V antes de Cristo, logo depois da pregação de Jonas, o povo de Nínive proclamou um jejum a todos e se vestiram de saco, inclusive o Rei, que além de tudo levantou-se de seu trono e sentou sobre cinzas (Jn 3,5-6). Estes exemplos retirados do Antigo Testamento demonstram a prática estabelecida de utilizar-se cinzas como símbolo (algo que todos compreendiam) de arrependimento.
O próprio Jesus fez referência ao uso das cinzas. A respeito daqueles povos que recusavam-se a se arrepender de seus pecados, apesar de terem visto os milagres e escutado a Boa Nova, Nosso Senhor proferiu: "Ai de ti, Corozaim! Ai de ti, Betsaida! Porque se tivessem sido feitos em Tiro e em Sidônia os milagres que foram feitos em vosso meio, há muito tempo elas se teriam arrependido sob o cilício e as cinzas. (Mt 11,21) A Igreja, desde os primeiros tempos, continuou a prática do uso das cinzas com o mesmo simbolismo. Em seu livro "De Poenitentia" , Tertuliano (160-220 DC), prescreveu que um penitente deveria "viver sem alegria vestido com um tecido de saco rude e coberto de cinzas". O famoso historiador dos primeiros anos da igreja, Eusébio (260-340 DC), relata em seu livro A História da Igreja, como um apóstata de nome Natalis se apresentou vestido de saco e coberto de cinzas diante do Papa Ceferino, para suplicar-lhe perdão. Sabe-se que num determinado momento existiu uma prática que consistia no sacerdote impor as cinzas em todos aqueles que deviam fazer penitência pública. As cinzas eram colocadas quando o penitente saía do Confessionário.
Já no período medieval, por volta do século VIII, aquelas pessoas que estavam para morrer eram deitadas no chão sobre um tecido de saco coberto de cinzas. O sacerdote benzia o moribundo com água benta dizendo-lhe: "Recorda-te que és pó e em pó te converterás". Depois de aspergir o moribundo com a água benta, o sacerdote perguntava: "Estás de acordo com o tecido de saco e as cinzas como testemunho de tua penitência diante do Senhor no dia do Juízo?" O moribundo então respondia: "Sim, estou de acordo". Se podem apreciar em todos esses exemplos que o simbolismo do tecido de saco e das cinzas serviam para representar os sentimentos de aflição e arrependimento, bem como a intenção de se fazer penitência pelos pecados cometidos contra o Senhor e a Sua igreja. Com o passar dos tempos o uso das cinzas foi adotado como sinal do início do tempo da Quaresma; o período de preparação de quarenta dias (excluindo-se os domingos) antes da Páscoa da Ressurreição. O ritual para a Quarta-feira de Cinzas já era parte do Sacramental Gregoriano. As primeiras edições deste sacramental datam do século VII. Na nossa liturgia atual da Quarta-feira de Cinzas, utilizamos cinzas feitas com os ramos de palmas distribuídos no ano anterior no Domingo de Ramos. O sacerdote abençoa as cinzas e as impõe na fronte de cada fiel traçando com essas o Sinal da Cruz. Logo em seguida diz : "Recorda-te que és pó e em pó te converterás" ou então "Arrepende-te e crede no Evangelho".
Devemos nos preparar para o começo da Quaresma compreendendo o significado profundo das cinzas que recebemos. É um tempo para examinar nossas ações atuais e passadas e lamentarmo-nos profundamente por nossos pecados. Só assim poderemos voltar nossos corações genuinamente para Nosso Senhor, que sofreu, morreu e ressuscitou pela nossa salvação. Além do mais esse tempo nos serve para renovar nossas promessas batismais, quando morremos para a vida passada e começamos uma nova vida em Cristo.
Finalmente, conscientes que as coisas desse mundo são passageiras, procuremos viver de agora em diante com a firme esperança no futuro e a plenitude do Céu.

Bênção e imposição das cinzas no início da Quaresma(Quarta-feira de cinzas)

Aceitando que nos imponham as cinzas, expressamos duas realidades fundamentais:
Somo criaturas mortais; tomar consciência de nossa fragilidade, de inevitável fim de nossa existência terrestre, nos ajuda a avaliar melhor os rumos que compete dar à nossa vida: "você é pó, e ao pó voltará" (Gn 3, 19).
Somos chamados a nos converter ao Evangelho de Jesus e sua proposta do Reino, mudando nossa maneira de ver, pensar, agir.
Muitas comunidades sem padre assumiram esse rito significativo como abertura da quaresma anual, realizando-o numa celebração da Palavra.
Veja mais embasamentos bíblicos sobre as cinzas através das seguintes passagens: (Nm 19; Hb 9,13); como sinal de transitoriedade (Gn 18,27; Jó 30,19). Como sinal de luto (2Sm 13,19; Sl 102,10; Ap 19,19). Como sinal de penitência (Dn 9,3; Mt 11,21). Faça uma pesquisa através de todas estas passagens bíblicas, prestando a atenção ao texto e seu contexto, relacionando com a vida pessoal, comunitária, social e com o rito litúrgico da Quarta-feira de cinzas.