sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Sacramento da Penitência

CONFISSÃO
`Dizendo isto soprou sobre eles e disse: Recebei o Espírito Santo; aqueles a quem perdoardes os pecados,os pecados ser`lhes`ão perdoados; aqueles aos quais os retiverdes, ser`lhes`ão retidos` (Jo 20,22-23).
1446 - Cristo instituiu o sacramento da Penitência para todos os membros pecadores de sua Igreja, antes de tudo para aqueles que, depois do Batismo, cometeram pecado grave e com isso perderam a graça batismal e feriram a comunhão eclesial. É a eles que o sacramento da Penitência oferece uma nova possibilidade de converter`se e de recobrar a graça da justificação. Os Padres da Igreja apresentam este sacramento como `a Segunda tábua (de salvação) depois do naufrágio que é a perda da graça` (Conc. Trento, DS 1542).
1486 - O perdão dos pecados cometidos após o Batismo é concedido por um Sacramento próprio chamado sacramento da Conversão, da Confissão, da Penitência ou da Reconciliação.
1487 - Quem peca fere a honra de Deus e seu amor, sua própria dignidade de homem chamado a ser Filho de Deus e a saúde espiritual da Igreja, da qual cada cristão é uma pedra viva.
1488 - Aos olhos da fé nenhum mal é mais grave do que o pecado, e nada tem conseqüências piores para os próprios pecadores, para a Igreja e para o mundo inteiro.
1489 - Voltar à comunhão com Deus depois de a ter perdido pelo pecado, é um movimento que nasce da graça do Deus misericordioso e solícito pela salvação dos homens. É preciso pedir este dom precioso para si mesmo e também para os outros.
1490 - O movimento de volta a Deus, chamado conversão e arrependimento, implica uma dor e uma aversão aos pecados cometidos e o firme propósito de não mais pecar no futuro; nutre`se da esperança na misericórdia divina.
1491 - O sacramento da penitência é constituído de três atos do penitente e da absolvição dada pelo sacerdote. Os atos do penitente são o arrependimento, a confissão ou manifestação dos pecados ao sacerdote e o propósito de cumprir a penitência e as obras de reparação.Consciência - exame de consciência.
1454 - Convém preparar a recepção deste sacramento (Confissão) fazendo um exame de consciência à luz da Palavra de Deus. Os textos mais adaptados a esse fim devem ser procurados na catequese moral dos evangelhos e das cartas apostólicas: Sermão da Montanha, ensinamentos apostólicos (Rom 12-15; 1 Cor 12-13; Gl 5; Ef 4-6).
1492 - O arrependimento (também chamado contrição) devem inspirar-se em motivos que decorrem da fé. Se o arrependimento estiver embasado no amor de caridade para com Deus, é chamado `perfeito`; se estiver fundado em outros motivos, será `imperfeito`.
1493 - Aquele que quiser obter a reconciliação com Deus e com a Igreja deve confessar ao sacerdote todos os pecados graves que ainda não confessou e que se lembra depois de examinar cuidadosamente sua consciência. Mesmo sem ser necessário em si as confissões das faltas veniais, a Igreja não deixa de recomendá`la vivamente.
1494 - O confessor propõe ao penitente o cumprimento de certos atos de `satisfação` ou de `penitência`, para reparar o prejuízo causado pelo pecado e restabelecer os hábitos próprios ao discípulo de Cristo.
1495 - Somente os sacerdotes que receberam da autoridade da Igreja a faculdade de absolver podem perdoar os pecados em nome de Cristo.
1496 - Os efeitos espirituais do sacramento da Penitência são:A reconciliação com Deus, pela qual o penitente recobra a graça;A reconciliação com a Igreja;A remissão da pena eterna devida aos pecados mortais;A remissão, pelo menos em parte, das penas temporais, seqüelas do pecado;A paz e a serenidade da consciência e a consolação espiritual;O acréscimo de forças espirituais para o combate cristão.
1497 - A confissão individual e integral dos pecados graves, seguida da absolvição, continua sendo o único meio ordinário de reconciliação com Deus e com a Igreja.
1455 - A confissão dos pecados (acusação), mesmo do ponto de vista simplesmente humano, nos liberta e facilita nossa reconciliação com os outros. Pela acusação, o homem encara de frente os pecados dos quais se tornou culpado: assume a responsabilidade deles, assim, abre`se de novo a Deus e à comunhão da Igreja, a fim de tornar possível um futuro novo.
1456 - A declaração dos pecados ao sacerdote constituiu uma parte essencial do sacramento da penitência: `Os penitentes devem, na confissão, enumerar todos os pecados mortais de que têm consciência depois de examinar`se seriamente, mesmo que esses pecados sejam muitos secretos e tenham sido cometidos somente contra os dois últimos preceitos do decálogo (Ex 20,17; Mt 5,28), pois às vezes esses pecados ferem gravemente a alma e são mais prejudiciais do que os outros que foram cometidos à vista e conhecimento de todos` (Conc. Trento, DS 1680):Quando os cristãos se esforçam para confessar todos os pecados que lhes vêm à memória, não se pode duvidar que tenham o intuito de apresentá`los todos ao perdão da misericórdia divina. Os que agem de outra forma tentando ocultar conscientemente alguns pecados não colocam diante da bondade divina nada que ela possa remir por intermédio do sacerdote. Pois, `se o doente insistir em esconder do médico sua ferida, como poderá a medicina curá-lo? (S. Jerônimo, Comen tarius in Ecl 0,11; Conc. Trento, DS 1680).
1457 - Conforme o mandamento da Igreja, `Todo fiel, depois de ter chegado à idade da discrição, é obrigado a confessar fielmente seus pecados graves, pelo menos uma vez por ano` (CDC, cân. 989). Aquele que tem consciência de ter cometido um pecado mortal não deve receber a Sagrada Comunhão, mesmo que esteja profundamente contrito, sem receber previamente a absolvição sacramental (Conc. Trento, DS 1647,1661), a menos que tenha um motivo grave para comungar e lhe seja impossível chegar a um confessor (CDC, cân. 916; CCEO, cân.711). As crianças devem confessar`se antes de receber a Primeira Eucaristia (CDC, cân. 914).1458 - Apesar de não ser estritamente necessária, a confissão das faltas cotidianas (pecados veniais) é vivamente recomendada pela Igreja (Conc. Trento, DS 1680; CDC, cân. 988,2). Com efeito, a confissão regular dos nossos pecados nos ajuda a formar a consciência, a lutar contra nossas más tendências, a ver`nos curados por Cristo, a progredir na vida do Espírito. Recebendo mais freqüentemente, através deste sacramento, o dom da misericórdia do Pai, somos levados a ser misericordiosos como ele (Lc 6, 36):`Quem confessa os próprios pecados está agindo em harmonia com Deus. Deus acusa teus pecados; se tu também os acusas, tu te associas a Deus. O homem e o pecador são, por assim dizer, duas realidades: quando ouves falar do homem, foi Deus quem o fez; quando ouves falar do pecador, é o próprio homem quem o fez. Destrói o que fizeste para que Deus salve o que Ele fez... Quando começas a detestar o que fizeste, é então que tuas boas obras começam, porque acusas tuas más obras. A confissão das más obras é o começo das boas obras. Contribuis para a verdade e consegues chegar à luz` (S.Agostinho, In Jo 12,13).
Confissão - os seus efeitos
1468 - `Toda a força da Penitência reside no fato de ela nos reconstituir na graça de Deus e de nos unir a Ele com a máxima amizade` (Cat. R. 2,5,18). Portanto, a finalidade e o efeito deste sacramento é a reconciliação com Deus. Os que recebem o sacramento da Penitência com coração contrito e disposição religiosa, `podem usufruir da paz e tranqüilidade da consciência, que vem acompanhada de uma intensa consolação espiritual`(Conc. Trento, DS, 1674). Com efeito, o sacramento da Reconciliação com Deus traz consigo uma verdadeira `ressurreição espiritual`, uma restituição da dignidade e dos bens da vida dos filhos de Deus, entre os quais o mais precioso é a amizade de Deus (Lc 15,32). Confissão - reconciliação com a Igreja
1469 - Este sacramento nos reconcilia com a Igreja. O pecado rompe ou quebra a comunhão fraterna. O sacramento da Penitência a repara ou restaura. Neste sentido, ele não cura apenas aquele que é restabelecido na comunhão eclesial, mas também um efeito vivificante sobre a vida da Igreja, que sofreu com o pecado de um de seus membros (1Cor 12,26). Restabelecido ou confirmado na comunhão dos santos, o pecador sai fortalecido pela participação dos bens espirituais de todos os membros vivos do Corpo de Cristo, quer estejam ainda em estado de peregrinação ou já estejam na pátria celeste (LG 48-50):Não devemos esquecer que a reconciliação com Deus tem como conseqüência, por assim dizer, outras reconciliações capazes de remediar outras rupturas ocasionadas pelo pecado: o penitente perdoado reconcilia-se consigo mesmo no íntimo mais profundo de seu ser, onde recupera a própria verdade interior; reconcilia`se com os irmãos que de alguma maneira ofendeu e feriu; reconcilia`se com a Igreja; e reconcilia`se com toda a criação (RP 31).
Confissão - juízo particular antecipado
1470 - Neste sacramento, o pecador, entregando`se ao julgamento misericordioso de Deus, antecipa de certa maneira o julgamento a que será sujeito no fim desta vida terrestre. Pois é agora, nesta vida, que nos é oferecida a escolha entre a vida e a morte, e só pelo caminho da conversão poderemos entrar no Reino do qual somos excluídos pelo pecado grave (1 Cor 5,11; Gl 5, 19-21; Ap 22,15). Convertendo`se a Cristo pela penitência e pela fé, o pecador passa da morte para a vida `sem ser julgado` (Jo 5,24).
Confissão - o sigilo do sacramento
2490 - O sigilo do sacramento da Reconciliação é sagrado e não pode ser traído sob nenhum pretexto. `O sigilo sacramental é inviolável; por isso, não é lícito ao confessor revelar o penitente, com palavras, ou de qualquer outro modo, por nenhuma causa` (CDC, cân. 983,1).Confissão Comunitária - quando pode ser feita.
1483 - Em casos de necessidade grave, pode`se recorrer à celebração comunitária da reconciliação com confissão e absolvição gerais. Esta necessidade grave pode apresentar`se quando há um perigo iminente de morte sem que o ou os sacerdotes tenham tempo suficiente para ouvir a confissão de cada penitente. A necessidade grave pode também apresentar`se quando, tendo`se em vista o número dos penitentes, não havendo confessores suficientes para ouvir devidamente as confissões individuais num tempo razoável, de modo que os penitentes, sem culpa de sua parte, se veriam privados durante muito tempo da graça sacramental ou da sagrada Eucaristia. Nesse caso os fiéis devem ter, para a validade da absolvição, o propósito de confessar individualmente seus pecados no devido tempo (CDC, cân. 962,1). Cabe ao Bispo diocesano julgar`se os requisitos para a absolvição geral existem (CDC, cân. 961). Um grande concurso de fiéis por ocasião das grandes festas ou de peregrinação não constitui caso de tal necessidade grave (CDC, cân. 961,1).
Confissão - mudança com o tempo.
1447 - No curso dos séculos, a forma concreta segundo a qual a Igreja exerceu este poder recebido do Senhor variou muito. Nos primeiros séculos, a reconciliação dos cristãos que haviam cometidos pecados particularmente graves depois do Batismo (por exemplo, a idolatria, o homicídio ou o adultério) estava ligada a uma disciplina bastante rigorosa, segundo a qual os penitentes deviam fazer penitência pública por seus pecados, muitas vezes durante longos anos, antes de receber a reconciliação. A esta `ordem dos penitentes` (que incluía apenas certos pecados graves) só se era admitido raramente e, em certas regiões, só uma vez na vida.No século VII, inspirados na tradição monástica do Oriente, os missionários irlandeses trouxeram para a Europa continental a prática `privada` da penitência que não mais exigida a prática pública e prolongada de obras de penitência antes de receber a reconciliação com a Igreja. O sacramento se realiza daí em diante de uma forma mais secreta entre o penitente e o presbítero. Esta nova prática previa a possibilidade da repetição, abrindo assim o caminho para uma freqüência regular a este sacramento.
1448 - Através das mudanças por que passaram a disciplina e a celebração deste sacramento ao longo dos séculos, podemos discernir sua própria estrutura fundamental que consta de dois elementos igualmente essenciais: de um lado, os atos do homem que se converte sob a ação do Espírito Santo, a saber, a contrição, a confissão e a satisfação; de outro lado, a ação de Deus por intermédio da Igreja. A Igreja que, pelo Bispo e seus presbíteros, concede em nome de Jesus Cristo, o perdão dos pecados e fixa a modalidade da satisfação, ora pelo pecador e faz penitência com ele. Assim o pecador é curado e reintegrado na comunhão eclesial.
Confissão - a forma da absolvição
1449 - A fórmula da absolvição em uso na Igreja latina exprime os elementos essenciais deste sacramento: o Pai das misericórdias é a fonte de todo perdão. Ele opera a reconciliação dos pecadores pela páscoa de seu Filho e pelo dom de seu Espírito, através da oração e ministério da Igreja:`Deus, Pai de misericórdia, que, pela Morte e Ressurreição de seu Filho, reconciliou o mundo consigo e enviou o Espírito Santo para remissão dos pecados, te conceda, pelo ministério da Igreja, o perdão e a paz. E eu te absolvo dos teus pecados, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo` (Ritual Romano, Rito da Penitência).
1498 - Pelas indulgências, os fiéis podem obter para si mesmos e também para as almas do Purgatório a remissão das penas temporais, conseqüências dos pecados.
Consciência - voz de Deus no coração
1776 - `Na intimidade da consciência, o homem descobre uma lei. Ele não a dá a si mesmo. Mas a ela deve obedecer. Chamando`o sempre a amar e fazer o bem e a evitar o mal, no momento oportuno a voz desta lei soa aos ouvidos do coração... É uma lei inscrita por Deus no coração do homem... A consciência é o núcleo secretíssimo e o sacrário do homem onde ele está sozinho com Deus e onde ressoa sua voz` (GS 16).
1777 - Presente no coração da pessoa, a consciência moral (Rm 2,14-16) lhe impõe, no momento oportuno, fazer o bem e evitar o mal. Julga, portanto, as escolhas concretas, aprovando as boas e denunciando as más (Rm 1,32). Atesta a autoridade da verdade referente ao Bem supremo, de quem a pessoa sente a atração e acolhe os mandamentos. Quando escuta a consciência moral, o homem pode ouvir Deus, que fala.`A consciência é uma lei do nosso espírito, mas que o ultrapassa nosso espírito, que nos faz imposições, que significa responsabilidade e dever, temor e esperança... É a mensageira daquele que, no mundo da natureza bem como no mundo da graça, nos fala através de um véu, nos instrui e nos governa. A consciência é o primeiro de todos os vigários de Cristo`. (Newman, Carta ao Duque de Norfolk,5).
1779 - É importante que cada qual esteja bastante presente a si mesmo para ouvir e seguir a voz de sua consciência. Esta exigência de interioridade é tanto mais necessária quanto a vida nos expõe constantemente a situações que nos alheiam de qualquer reflexão, exame ou concentração sobre nós mesmos: `Volta à tua consciência, interroga`a ...Voltai, irmãos, ao interior, e em tudo o que fizerdes atentai para a testemunha, Deus` (S. Agostinho, In ep. Jo 8,9).
1781 - A consciência permite assumir a responsabilidade dos atos praticados. Se o homem comete o mal, o julgamento justo da consciência pode continuar nele como testemunho da verdade universal do bem e ao mesmo tempo da malícia de sua escolha singular. O veredicto do juízo da consciência continua sendo um penhor de esperança e misericórdia. Atestando a falta cometida, lembra a necessidade de pedir perdão, de praticar novamente o bem e de cultivar sem cessar a virtude com a graça de Deus. Diante dele tranqüilizaremos nosso coração, se o nosso coração nos acusa, porque Deus é maior que nosso coração e conhece todas as coisas (1Jo 3,19-20).
Consciência - precisa ser formada retamente
1783 - A consciência deve ser educada e o juízo moral esclarecido. Uma consciência bem formada é reta e verídica. Formula seus julgamentos seguindo a razão, de acordo com o bem verdadeiro querido pela sabedoria do Criador. A educação da consciência é indispensável aos seres humanos submetidos a influências negativas e tentados pelo pecado a preferirem o próprio juízo e a recusar os ensinamentos autorizados.
1784 - A educação da consciência é uma tarefa de toda a vida. Desde os primeiros anos alerta a criança para o conhecimento e a prática da lei interior reconhecida pela consciência moral. Uma educação prudente ensina a virtude, preserva ou cura do medo, do egoísmo e do orgulho, dos sentimentos de culpabilidade e dos movimentos de complacência, nascidos da fraqueza e das faltas humanas. A educação da consciência garante a liberdade e gera a paz do coração.
1785 - Na forma da consciência, a Palavra de Deus é a luz de nosso caminho; é preciso que a assimilemos na fé e na oração e a coloquemos em prática. É preciso ainda que examinemos nossa consciência confrontando`nos com a Cruz do Senhor. Somos assistidos pelos dons do Espírito Santo, ajudados pelo testemunho e conselhos dos outros e guiados pelo ensinamento autorizado da Igreja (DH, 14).

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